Vou dormir o meu sono de pedra
enquanto a vida for essa água morna
que se apequena por não ferver
a febre que deveria me acordar
aos solavancos
Se eu acordasse
e unisse o meu sopro à brisa da manhã
talvez a água fervesse
e a vida não passasse em branco
como branco é o papel
que não risca o grafite
como branca é a comida
que não desperta apetite
como branca é a civilização sifilítica
que rouba os cobres
e os tranca nos cofres
dos brancos bancos
ávidos por diamantes
tão límpidos quanto mais sujos são seus donos
(eles que têm a goela sorvedoura e ávida
por captar todo o resquício
do trabalho humano
e assim sustentam seus vícios
maisvalendo-se de suas vis maneiras
e escondendo sua roubalheira
tão bem quanto se fingem de santas
as freiras punheteiras).
helênica boca do inferno, sua poética está cada vez mais felina, singular, nomade, insubordinada. é essa poética que falta, de modo que dizer o que falta é sempre a poesia que interessa.
ResponderExcluireis o poema e eis a poeta.
beijos
luis